quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mensagem do Arturo

Conheci o Sassi através do Rômulo, no início da década de 80. Nos tornamos amigos desde então. Nossa amizade foi interrompida a partir de certos eventos trágicos na vida do Sassi e de transformações ou mudanças existenciais na vida de ambos.

Certa feita fomos contratados pelos Pais do Sassi para fazer toda a limpeza da casa de Cidreira. Éramos quatro: Rômulo, Geraldo, Sassi e eu. O pagamento seria um majestoso churrasco. Tudo se complicou e apesar de completarmos a tarefa eu e o Geraldo tivemos de voltar para Porto Alegre. Mas a casa ficou limpa, segundo argumentou o Sassi. O Rômulo deve guardar até hoje algumas marcas das bolhas nas mãos adquiridas no corte da grama.

Posso dizer que convivi com o Sassi bastante tempo para saber que minha amizade com ele se dava mais no campo da interlocução filosófica do que nos temas da vida comum ou nas escolhas da vida comum.

O Sassi escolheu a Filosofia depois de uma passagem pela Engenharia e as Ciências Sociais e eu permaneci na Filosofia. Lembro que discutimos algo em torno do ensino da Filosofia e que ele não desejava ficar apenas na pesquisa e sim partir para o ensino. Bem, naquele momento ele pensava assim. Mas nunca esqueço de nossos serões noturnos de leitura da resposta arrogante do filósofo Vienense Karl Popper ao problema do Indutivismo lançado por David Hume. Eu e o Sassi ficamos durante muito tempo pensando se Popper era um falastrão ou nós é que não gostávamos da resposta racionalista. Lemos e relemos os textos de Popper. Não entramos em acordo: o Sassi acreditava que a resposta era arrojada, mas questionável. Eu continuo acreditando que Popper era um falastrão arrogante e sua resposta nada mais que um lance de distração. Ainda tenho os textos anotados e sublinhados pelo Sassi.

Depois disto lembro de uma reunião em que Hegel entrou na pauta de discussão. Quando o assunto é Hegel eu peço piedade. Disse isto ao Sassi, mas ele sempre voltava ao tema Hegel, a história, o espírito
absoluto. Algo típico do Sassi.

A partir disto lembro que o Sassi passou a comprar mais livros de filosofia e grande parte da coleção Os Pensadores. Ele pediu emprestado meu Karl Jaspers e depois não queria devolver. Era uma briga pois ele
sempre queria provar que precisava daquele livro, em específico, do Jaspers, pois o livro tinha chegado a ele através de mim e que isto explicava tudo. Eu tentava provar que o livro era mais importante para
mim, afinal eu o comprei e isto ficou na história de nossas vidas e continua na minha. Bem, a coleção ele me presenteou num belo dia: foi até meu trabalho com aquela quantidade de livros (10 ou mais),
demonstrando uma urgência que eu não reconhecia e me disse "é mais do teu interesse!" Após este evento não nos vimos mais e alguns eventos trágicos ocorreram na vida do Sassi. Alguns anos depois nos
reencontramos ele passou a frequentar meu trabalho e ficava as tardes discutindo filosofia e outras coisas típicas do Sassi. Foi nesta ocasião que conversei mais aprofundadamente com ele sobre os fatos passados na vida dele e na minha. As diferenças existenciais, notamos nós, estavam se aprofundando. Mas notamos isto com um interesse filosófico e não com o sentido de adeus ou de uma diferença incontornável. Realmente, nossa amizade era bem mais intelectual.

Encontrei novamente o Sassi no início do século XXI. Estávamos no
terminal de ônibus de Florianópolis, ele iria para Porto Alegre e eu para Imbituba. Não conseguimos conversar muito, apenas uma pausa para o formal "shaking hands", "how are you?" e outras formalidades. Agora que soube do ocorrido fico pensando que não apenas perdi um amigo, mas também a oportunidade de provar ao Sassi que ele deveria me devolver o Karl Jaspers. Mas mais importante ainda seria ouví-lo provar que aquele livro deveria ficar com ele, com todos aqueles gestos amplos e sorrisos de convencimento.

Seja como for, ainda sou amigo do Sassi. Mesmo que na memória.

Arturo

terça-feira, 26 de abril de 2011

Grande Sassi


Muito tenho a dizer sobre o Sassi. Mais que um amigo, foi um irmão. Companheiro de inúmeras viagens e aventuras, parceiro de xadrez de futebol. Um grande gremista. São muitas as histórias que tenho para contar dos 25 anos de convívio com esse querido amigo. Para começar deixo esta foto de uma viagem que fizemos ao Rio e São Paulo. Esta foto deve ser em Copacabana e foi tirada pelo DDG. Foi nessa viagem que resolvemos ir ao Maracanã para assistir à final do Campeonato Brasileiro entre Bangu e Coritiba. O Sassi insistiu em torcer para o Bangu e foi na torcida dos cariocas. Eu fui para a torcida do "Coxa" que ganhou nos pênaltis! Isto foi em 1985.
Boas recordações!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Meu amigo Ricardo Sassi

Meu convivio com Ricardo Sassi foi muito bom. Um intelectual sensível, apreciador dos grandes pintores mundiais, dos grandes compositores mundiais e amigo de seus amigos. Para mim fica a incompreensão por tudo e a saudade. Bayard R. L. Duarte